Os frágeis suportes da memória: preservação e acesso ao banco de imagens do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa - Musecom

Simpósio A fotografia na construção da memória da cidade
13 de novembro de 2008 - 14h10

Coordenação: Cornelia Eckert (BIEV e NAVISUAL UFRGS)
Palestrantes: 
Denise Stumvoll (Museu de Comunicação Hipólito José da Costa) - Os frágeis suportes da memória. Preservação e acesso ao banco de imagens do acervo fotográfico/Musecom  
Zita Rosane Possamai (Faced - UFRGS) - Cidade, fotografia e memória: considerações sobre os álbuns fotográficos de Porto Alegre
Charles Monteiro (PUCRS) - Problematizando a construção de histórias e memórias da cidade através de forografias
Debatedor: Ana Luiza Carvalho da Rocha  (BIEV, PPGAS, UFRGS)

Os frágeis suportes da memória: preservação e acesso ao banco de imagens do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa - Musecom
Denise Stumvoll
Fotógrafa, Especialista em Antropologia Social pelo PPGAS-UFRGS, Coordenadora Técnica do Musecom-Sedac. 

      

      O Museu, cuja a principal missão é a guarda da memória da comunicação no RS, possui acervos de imprensa escrita,  títulos periódicos raros  (até 1924), publicidade, cinema, radio e fonografia, objetos tridimensionais, vídeo e fotografia. O Museu possui um acervo muito volumoso, que necessita de investimentos em infra-estrutura e conservação preventiva, para que num futuro próximo, possa ser disponibilizado em formato digital, o que favorecerá também a pesquisa sobre os entrecruzamentos entre as diferentes mídias. 
      Nesse sentido, os principais projetos em andamento ou já finalizados, procuram apresentar soluções para as necessidades de conservação preventiva, tais como: Projeto de Estrutruração do núcleo de jornais raros, Projeto Monumenta e Projeto Memória Visual de Porto Alegre. 
      Durante o período 2006/2007, o acervo fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa realizou o Projeto Memória Visual de Porto Alegre, com o patrocínio do Programa Caixa de Adoção de Entidades Culturais.  Com esse projeto procuramos dar continuidade ao processo de organização do acervo fotográfico do Musecom e também divulgar o acervo para um público mais amplo, através da publicação de um livro.
     
 Projeto Memória visual de Porto Alegre



      O projeto foi concluído em 2007 e foram desenvolvidas ações de documentação e conservação preventiva, como a construção de um banco de dados e imagens informatizado e a reprodução digital de diversos suportes fotográficos. São fotografias e negativos, álbuns impressos1 e cartões-postais, entre 1880-1960. O tratamento técnico do acervo incluiu a identificação e contextualização histórica das imagens, a conservação e reprodução fotográfica, com o objetivo de se desenvolver um sistema de gerenciamento eletrônico de imagens, que possibilite, além da preservação dos documentos originais, a qualificação do acesso público.
      A linha temática desse projeto, no caso, a seleção de imagens sobre a cidade e a pesquisa sobre os seus autores, foi construída considerando-se as necessidades do público pesquisador e as imagens pertencentes ao acervo. Observamos que no Rio Grande do Sul, nos acervos fotográficos disponíveis à comunidade, as coleções sobre Porto Alegre apresentam um número significativo de fotografias do final do século XIX e primeiro quartel do século XX. Outra característica desses acervos é que boa parte deles se restringe a retratos e fotos externas do Bairro Centro e adjacências. A partir desta constatação estamos focando a seleção das fotografias em coleções que venham a suprir essa lacuna. 
      Além de uma seleção abrangente por período, da década de 1880 a 1960; outra, específica por autoria (importância da trajetória do fotógrafo no Estado), tema (contexto histórico em que a imagem se insere) e definição estética da linguagem fotográfica.
      A curadoria destacou, entre os fundos pertencentes ao acervo do Museu, coleções e arquivos que oferecem importantes subsídios às pesquisas históricas sobre a cidade e também para a compreensão da construção das linguagens fotográficas que circularam na cidade no período delimitado, salientando o trabalho daqueles que a ela se dedicaram. Para tanto, a ênfase do projeto foi a fotografia profissional documentada através dos retratos em estúdio, as vistas urbanas, as fotorreportagens e a fotografia publicitária.  Também foi realizada a coleta de informações através de fontes orais, sendo documentadas através de entrevistas as memórias de alguns fotógrafos, seus parentes e outros profissionais que atuaram no período por nós analisado: fotógrafos Léo Guerreiro e João Alberto Fonseca da Silva; filhos de Sioma Breitman, Srs.Irineu e Samuel Breitman, e o assessor de imprensa do Governador Ildo Meneghetti Jornalista Isaías Valliatti.
      O trabalho específico do fotógrafo na assessoria de imprensa do poder estadual, nas décadas de 1950 e 1960, que realiza uma documentação oficial, merece destaque, pois iniciamos a pesquisa para complementar a documentação quase inexistente sobre esse arquivo. Neste sentido, as informações levantadas até o momento são parciais e deverão ser completadas em outros projetos a serem realizados. Contamos com depoimentos importantes para o entendimento da dinâmica cultural em que se insere a fotografia na cidade, os fotógrafos e suas associações, com o propósito de documentação das imagens no acervo do Museu. 
      Sergio Burgi ressalta a importância da identificação do autor para um adequado trabalho de organização e preservação de acervos fotográficos. As análises curatoriais sobre os aspectos formais e autorais das coleções são absolutamente necessárias para a compreensão do universo do acervo. A fotografia, como em toda a forma de representação visual, parte da percepção de um autor, que seleciona o objeto, o enquadramento, entre muitas outras variáveis técnicas que compõem as características formais das imagens. Muito embora, culturalmente, tenha sido tomada como “substituto” do real pelo grande público, em mais de 160 anos de existência. (2006, p. 2 e 3)
      A organização em núcleos temáticos, que exploram as transformações da cidade, suas manifestações políticas, o trabalho, o lazer e as relações sociais estabelecidas no espaço urbano, foi realizada especificamente para compor este livro, para fins de documentação está sendo mantida a procedência da imagem, já que o mesmo está organizado por arquivos e coleções, de documentação pública e privada.
      
      Arquivos de Documentação Pública:
      
      Arquivo do Palácio Piratini(APP)



      O museu guarda o Arquivo do Palácio Piratini, atualmente produzido pela Assessoria de Imprensa dos Governadores do Estado do Rio Grande do Sul. Possui registros desde o ano de 1947 e vem sendo atualizado de modo permanente. A partir da última gestão, foi incluído no acervo fotográfico a nova documentação em meio eletrônico, em suporte CD.  Outros tipos de registros de áudio e fílmicos  (cinema e vídeo) também podem ser encontrados nesse Arquivo
      As imagens selecionadas foram digitalizadas dos negativos produzidos em diversos formatos, por fotógrafos contratados pelo Estado. os documentos selecionados não possui autoria identificada, somente a partir do ano 1990, cada envelope onde está guardado o negativo terá o nome do fotógrafo. Portanto, o processo de identificação está restrito ao mandato de governo no qual está listado o grupo de fotógrafos atuantes em cada período. 
      Nota importante:
      Todas as legendas onde aparece identificado como APP, leia-se a seguinte complementação: tratam-se de cópias digitais a partir de  filmes em suporte flexíveis, diversos tamanhos: 6x6cm, 6x7cm e 6x9cm.
      
      Levantamento de Fotógrafos da Assessoria de Imprensa do Palácio Piratini:
      APP01: 1947 a 1950 – Gestão Governador Walter Jobim
      Fotógrafos identificados: Diógenes Oliveira, outros?
      APP02: 1951 a 1954 – Gestão Governador Ernesto Dornelles
      Fotógrafos identificados: Diógenes Oliveira, outros?
      APP03: 1955 a 1958 – Gestão Governador Ildo Meneghetti 
      Fotógrafos identificados: Diógenes Oliveira, Santos Vidarte, outros?
      APP04: 1959 a 1962 – Gestão Governador Leonel Brizola 
      Fotógrafos identificados:Carlos Contursi, Diógenes Oliveira, Alberto Serrano, Pedro Flores, Santos Vidarte, Lemyr Martins.
      APP05: 1963 a 1966 – Gestão Governador Ildo Meneghetti 
      Fotógrafos identificados: Diógenes Oliveira(?) Orlando Mosca, Alberto Serrano, Pedro Flores, Joaquim Magadan, Santos Vidarte.
      APP06: 1967 a 1970 – Gestão Governador Walter Peracchi Barcelos 
      Fotógrafos identificados: Alberto Serrano, Pedro Flores, Joaquim Magadan(?), Orlando Mosca(?), Santos Vidarte.
       
      Coleção Fundação TVE 
      São imagens da fundação da TVE Piratini, além de objetos que traçam a evolução técnica da televisão no Estado. Os atores, os jornalistas e os primeiros programas realizados ao vivo, são exemplos importantes da fase da televisão no período dos anos 1960. 
      
 Coleção Brasil Telecom 
      Trata-se do acervo sobre a historia da telefonia no Estado, pertenceu entre outras empresas, a extinta Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações (CRT). Grande parte das imagens são fotografias organizadas em álbuns e foram digitalizadas a partir de uma seleção do período. Compõem este acervo também objetos tridimensionais, como mesas operadoras, telefones, cabine telefônica, entre outros.
      A aquisição deste arquivo fotográfico ocorreu em 2005, através de um contrato com a atual mantenedora do serviço de telefonia, a empresa Brasil Telecom/Filial RS. O Museu guarda registros fotográficos do período c. 1910 –1990, são imagens das décadas de 20 e 30 e das centrais telefônicas na cidade e interior do Estado. Embora o foco dessas fotografias seja a rede telefônica, as imagens são ricas em detalhes da zona urbana de Porto Alegre, retratando ruas, edificações, praças e vistas panorâmicas.
      
      Arquivos de Documentação Privada:
      
      Documentos avulsos(DAV) – Muitas doações saõ provenientes de pessoas que participaram da história dos meios de comunicação no Estado. São retratos de família, paisagens e vistas urbanas, em fotografias e cartões-postais, bem como imagens de eventos que marcaram a história da cidade. Nessas coleções destacamos fotografias produzidas no final do século XIX por diversos fotógrafos atuantes na cidade.
      
      Arquivos de Documentação Privada/autores:
      
      Fotógrafo Antonio Nunes (1907-1982): Foi um importante repórter fotográfico da Empresa Caldas Júnior,  tendo atuado por 46 anos e presenciado a evolução da fotografia. O Museu guarda uma exposição retrospectiva do seu trabalho, em que podemos encontrar diversos retratos de personalidades políticas, como Getúlio Vargas e importantes acontecimentos da história de Porto Alegre, como a enchente de 1941.
       Fotógrafo Salomão Scliar (1925-1991): O Museu guarda a coleção deste fotógrafo e cineasta que teve importante atuação no cenário brasileiro e internacional. Nas década de 40 e 50 integra a equipe de repórteres fotográficos da revista O Cruzeiro, junto com José Medeiros, Ed Keffel e Indalécio Wanderley. Trabalhou também com Jean Manzon, na revista Manchete. No Rio Grande do Sul, publica várias fotorreportagens na Revista do Globo. Nos anos 60, ainda publica nas revistas Senhor e Realidade. Nesses trabalhos, suas imagens despontam por misturar as linguagens documental e artística, desenvolvendo um estilo próprio a partir de composições bem-elaboradas e a busca de outros ângulos que fujam do plano americano. Nos anos 70 e 80, monta a Editora Painel, responsável pela publicação de diversos álbuns impressos históricos, com destaque para a imagem, como a série Raízes Gaúchas: Rio Grande do Sul Histórico, Porto Alegre Antigo e Os Sete Povos das Missões.
 Fotógrafo Miguel Castro Filho (1924-      ) : Estabelecido em Porto Alegre desde 1951, abre um estúdio fotográfico na Rua Vinte e Quatro de Outubro, onde trabalhou por mais de vinte anos. Dedicou-se à cobertura de eventos políticos, reportagens sociais e esportivas, tendo sido premiado, em 1953, nessas duas últimas modalidades. As fotografias em estúdio, de casamentos e batizados, bailes de debutantes e festas realizadas pelo clube Leopoldina Juvenil, pela Casa de Espanha, entre outros.  Em seu estúdio ofereciam-se fotos em preto&branco ou colorizadas com tinta a óleo, por Ventura Castro, esposa do fotógrafo, logo, nos anos 60 seriam substituídas pelas fotografias coloridas.
       
       Álbuns Impressos – Acervo de Imprensa Escrita:
      
      Álbum de Porto Alegre – fotografias de Vírgilio Calegari, edição Luiz Coimbra Júnior, Tecnografica, Milano,  c. 1911;
 Porto Alegre: Álbum, edição Pedro Carvalho, Porto Alegre, 1931;
      Recordações de Porto Alegre, Editora do Globo, Porto Alegre, 1935;
      Porto Alegre: Retrato de uma Cidade – Cem fotografias de  W. Hoffman Harnisch Filho - Edição do Departamento Central dos Festejos do Bi-centenário ,Prefeitura Municipal, Editora do Globo, Porto Alegre,1940;
      Porto Alegre: Biografia de uma cidade. Edição comemorativa do Bicentenário de fundação da cidade, editor Leo Gerônimo Schidrowitz, Tipografia do Centro, 1940;
      Rio Grande do Sul: Imagem da Terra Gaúcha, edição Leo Gerônimo Schidrowitz, Editora Cosmos, Porto Alegre, 1942;
      Porto Alegre Antigo, organizado por Salomão Scliar, Editora Painel, (c. 1970).
      
      Considerando esta tipologia de acervo tão variada, constata-se a necessidade de uma estrita organização dos suportes e das informações que as imagens veiculam.O acervo fotográfico está incorporando a linguagem digital como forma de acesso às imagens originais, evitando o manuseio indiscriminado dos objetos, como algumas das ações para conservá-las. Por outro lado, o recebimento dos arquivos já obtidos como imagem digital gera outras questões sobre o seu gerenciamento, envolvendo a realização sistemática de cópias e a garantia de investimentos em informática, equipamentos e profissionais especializados. 
      Ao pensarmos sobre a relevância do acervo fotográfico que compõe o Museu de Comunicação do Governo do Estado, chamamos a atenção para a conservação preventiva dos materiais fotográficos, expostos diariamente a muitos fatores que causam a sua deterioração. Esta ação é a garantia de que novas gerações tenham acesso a um original fotográfico, na medida em que já está havendo um direcionamento para produção de imagens digitais.
      Dentre os meios de comunicação, a imagem e seu gerenciamento eletrônico tem se consolidado como um eixo da dinâmica contemporânea. A fotografia, tal como a conhecemos, dentre os diversos materiais utilizados para confeccionar um artefato onde está a imagem, apresenta-se agora, também como imagem digital. Fotografia designa um objeto que sofreu a  ação química da luz, já a imagem digital é  obtida através de câmera digital, scanner, ou criação dentro do computador, convertendo sua informação em código eletrônico. A indiferença entre as duas exige hoje do espectador uma atenção nunca vista sobre a imagem e seu vínculo com a realidade.
       Na linguagem fotográfica há uma relação inexorável entre imagem e o texto, portanto, em um acervo, a pesquisa e documentação são fundamentais. A documentação informatizada com sistemas de buscas constitui o gerenciamento eletrônico de imagens. Iniciamos um processo no qual poderão estar sempre sendo atualizados os registros com mais informações, bem como essas poderão migrar para outros softwares mais atualizados. Os metadados, texto e imagens associados em um único arquivo são soluções a serem pesquisadas, pois resolveriam completamente a situação da inexistência de dados sobre a imagem. 
      A constatação da necessidade de preservação dos suportes originais onde estão fixadas as imagens, seja a foto mais antiga ou imagem atual, leva-nos a escolher quais imagens teriam muita urgência de serem divulgadas e, portanto, preservadas. 
      Segundo Sandra Baruki (Coordenadora do Centro de Conservação e Preservação de Fotografias-Funarte-Ministério da Cultura, membro da Abracor - Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores), tem-se discutido muito a relação entre preservação e acesso, justamente sobre o encadeamento das duas ações. Sem dúvida, a digitalização nos assegura o acesso, contudo não é suficiente para conter a deterioração dos suportes originais. Mas, o fato de essas imagens se tornarem públicas, gera cada vez mais a valorização do nosso patrimônio cultural e a necessidade urgente de preservá-lo. 

     As ações de educação patrimonial envolveram uma exposição de média duração e lançamento de um livro com 230 imagens do acervo, distribuídos para bibliotecas e instituições culturais. Já as de ações de documentação e conservação preventiva, como a construção de um banco de dados e imagens informatizado e a reprodução digital de diversos suportes fotográficos, foram realizadas no universo de  2.000 imagens. Do montante do acervo, em torno de 524.400 itens, 471.000 são imagens em filmes suporte flexível, em diversos formatos 6x6cm, 6x7cm,6x9cm, além de 35mm. Portanto, no acervo temos imagens somente em negativo, com pouca identificação histórica, que a partir do tratamento técnico proposto, foi iniciado o diagnóstico de conteúdo histórico e de conservação fotográfica, visando a  identificação de filmes de nitrato, diacetato e triacetato de celulose para desenvolvimento de outro projeto para a higienização, acondicionamento, armazenamento e reprodução digital desse material.

       
       Novas Perspectivas: continuidade das ações de conservação fotográfica
       
      No ano de 2000, iniciou-se o contato com o Centro de Conservação e Preservação de Fotografias/Funarte/Ministério da Cultura, a partir dessa assessoria técnica, tomamos como referência o  “ Manual para Catalogação de Documentos Fotográficos”, desenvolvido para catalogar o acervo iconográfico da Biblioteca Nacional. A partir dessas referências, também iniciamos a metodologia de conservação preventiva, como uma linha de ação para minimizar  os principais causas da deterioração fotográfica. 
A metodologia aplicada às coleções recebe o tratamento  intitulado como conservação preventiva. Tratam-se de procedimentos configurados a partir de pesquisas em diversas instituições nacionais e internacionais com o objetivo principal de  salvaguardar os materiais fotográficos para uma longa permanência.
Considerando os  principais itens que atuam na conservação preventiva dos materiais fotográficos:-controle/ minimização dos fatores ambientais que provocam deterioração dos materiais fotográficos; -armazenamento, acondicionamento e manuseio correto dos materiais; -documentação e reprodução dos materiais fotográficos, a metodologia proposta baseia-se no desenvolvimento de soluções  para minimizar a deterioração, considerando mais o conjunto das peças da coleção do que uma intervenção individual, dado a relação custo/benefício.
Durante a execução do Projeto memória Visual, fizemos a  aquisição de um scanner Nikon para formatos desde 35mm até médio formato. O resultado do trabalho com o scanner superou as expectativas em termos de qualidade técnica. Contudo, através de um incipiente diagnóstico sobre  a conservação dos filmes fotográficos, temos que,  muitos já estão comprometidos, inviabilizando sua reprodução via este equipamento, que aceita somente materiais planos. Portanto, é essencial atender as questões básicas de conservação. Neste diagnóstico tivemos a assessoria técnica de Sandra Baruki /CCPF e de Mauro Domingues, Coordenador de Preservação do Arquivo Nacional.
      Atualmente, estamos iniciando um convênio com o Centro de Conservação e Preservação de Fotografias da Funarte/ Ministério da Cultura, objetivando a difusão de conhecimentos na região sul do Brasil, através de treinamentos visando a capacitação de pessoal em conservação fotográfica, bem como uma assessoria técnica específica do CCPF para elaboração de um projeto de reestruturação da reserva técnica do acervo fotográfico, visando atingir a totalidade do acervo - organizando o armazenamento de distintos suportes com diferentes estados de conservação,  bem como executando todas as etapas do tratamento técnico.
      O projeto deverá prever a organização do arquivo e da aplicação de procedimentos de conservação preventiva, entre eles, o armazenamento de todo o material, o acondicionamento e a reprodução de parte do arquivo fotográfico, diminuição da incidência de luz solar e de calor, bem como do controle adequado de umidade e temperatura na reserva técnica.   
          Identificar e contextualizar histórica e culturalmente as imagens fotográficas através da utilização de procedimentos de catalogação e indexação dessas informações, em consonância com as mais avançadas técnicas; redefinir, reestruturar, completar e atualizar a documentação museológica e o tratamento arquivístico, de forma a torná-los mais acessíveis ao público pesquisador e a facilitar a troca de informações com instituições congêneres; construir bases de dados e imagens possibilitando ao usuário o acesso informatizado aos documentos fotográficos, são outros objetivos do trabalho.
          Esta solicitação de recursos terá como propósito viabilizar a reorganização do espaço interno, garantir as condições adequadas para a preservação do inestimável acervo de documentos históricos do Museu e melhorar o atendimento ao pesquisador. Necessitamos urgentemente garantir os itens fundamentais da conservação preventiva de acervos que são a climatização, o sistema de segurança, a higienização, o acondicionamento e a guarda dos documentos, pois, concluindo, são realmente frágeis os suportes da nossa memória.

      Bibliografia:
 
    BARUKI, Sandra e KOURY, Nazareth. “Treinamento em conservação fotográfica: a orientação do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte” In: Cadernos Técnicos de Conservação Fotográfica nº1, Rio de Janeiro: Funarte,1997.
    CADENAS, Carlos Teixidor. La Fotografia em Canárias e Madeira – La época Del daguerrotipo, el colodión y la albumina-1839-1900.Madrid,1999.
 COSTA, Franscisco da. “ Reprodução Fotográfica e Reprodução” In: Cadernos Técnicos de Conservação Fotográfica nº1, Rio de Janeiro: Funarte,1997.

COSTA, Helouise e RODRIGUES, Renato. A Fotografia Moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ: IPHAN: Funarte, 1995. 

FABRIS, Annateresa (org.).  Fotografia - Usos e funções no século XIX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1991.

FERNANDES Jr., Rubens. Desconhecidos Íntimos – O imaginário do fotógrafo lambe-lambe. Disponível em www.mnemocine.com.br.

FRANCO, Sérgio da Costa. Gente e Espaços de Porto Alegre. Porto Alegre: Ufrgs, 2000.

FRANCO. Sérgio da Costa. Porto Alegre-Guia Histórico. Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1998. 
FREUND, Gisele. Fotografia e Sociedade. Lisboa: Vega, 1976.
KOSSOY, Boris. Origens e Expansão da fotografia no Brasil . Rio de Janeiro: Funarte, 1980.
KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico Fotográfico Brasileiro. Fotógrafos e ofício da Fotografia no Brasil(1833-1910), São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 
PAVÃO, Luis.  Conservação de Coleções Fotográficas. Lisboa: Dinalivro, 1997.
POSSAMAI, Zita Rosane. Cidade Fotografada: Memória e esquecimento nos álbuns fotográficos, décadas de 1920 e 1930. Dissertação de Doutorado, PPG História Ufrgs. Porto Alegre, 2005.
STUMVOLL, Denise e MENEZES, Naida (org.) Memória Visual de Porto Alegre –1880-1960, Porto Alegre: Editora Associação de Amigos do Musecom, 2007.


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